09.03.2020 – Muitas empresas acertadamente tem manifestado uma preocupação cada vez maior em ampliar os seus canais para relatos de má-conduta, a fim de facilitar àquele que tenha testemunhado alguma violação poder contribuir com a informação do fato, possibilitando à empresa adotar as medidas necessárias para apurar e remediar o problema.

Todavia, é com muita preocupação que tenho testemunhado algumas empresas cometendo um terrível equívoco na apuração de denúncias internas.

Na verdade, me refiro ao fato de algumas empresas simplesmente ignorarem ou desprezarem algumas denúncias ou parte de denúncias plúrimas, preferindo focar somente naquelas denúncias consideradas prioritárias e geralmente envolvendo atos de corrupção ou fraudes.

Assédios, discriminação e até mesmo conflitos de interesses significativos, por exemplo, têm sido preteridos por tais empresas e não são adequadamente investigados, apesar de denúncias serem formalizadas nos respectivos canais.

Quais as consequências disso?

  • Frustração do denunciante que dificilmente vai se pronunciar diante de nova irregularidade.
  • Perda de credibilidade do programa de recebimento de relatos de má-conduta, desmotivando que outras alegações sejam efetuadas.
  • Percepção de que os responsáveis pela investigação pretendem encobrir a questão, privilegiando o suposto infrator.

Ignorar relatos de má-conduta é o primeiro passo para minar o seu programa de compliance.

Em resumo, toda e qualquer alegação deve merecer a atenção da empresa, no sentido de esclarecer o fato e confirmando-se alguma má-conduta, aplicar as medidas disciplinares e o plano de remediação não apenas àquela questão, mas adotando medidas preventivas para evitar a reincidência por intermédio de outros agentes.

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