
Pergunta aparentemente simples… mas aparências enganam!
A pergunta é muito mais complexa do que parece, mesmo porque é ilusório querer comparar grandezas diferentes sob o mesmo prisma.
Dessa forma, uma empresa caracterizada como um pequeno bar que vende bebidas e salgados, não pode ser comparada com uma empresa com centenas de colaboradores e diversos departamentos internos que, por sua vez, não pode ser comparada com uma empresa com dezenas de milhares de colaboradores e centenas de afiliadas, com ações em bolsa de valores, tendo seu capital aberto ao público.
Os focos de um programa de compliance nos 3 exemplos acima são distintos e devem ser direcionados ao que importa àquele negócio específico. Criar-se um programa padrão de compliance e almejar sua aplicação bem-sucedida nesses 3 tipos de negócio, será um enorme desafio, considerando recursos, prioridades e necessidades absolutamente díspares.
Quando se fala em custo na implementação de um programa de compliance, há aqueles que defendem que, na verdade, não estamos falando de custo, mas sim de investimento. Ilação simpática e até coerente se, no fim do dia, o “investimento” se revertirá em alguns ganhos, a respeito dos quais, falaremos mais à frente.
Todavia, querendo ou não, é preciso sim fazer desembolso de caixa. Implementar um programa de compliance custa algo, de uma maneira ou de outra. Aliás, essa discussão me faz lembrar do Sr. Bernard John Ebbers, conhecido do público em geral como Bernie, ex-CEO (Chief Executive Officer) da Worldcom, que, dentre outros equívocos, passou a contabilizar despesas como investimentos. O resultado foi a sua condenação a 25 anos de prisão nos EUA.
Mas o clímax da discussão é: – Quanto custa a implementação de um programa de compliance e quanto o mesmo devolve em ganhos para a empresa?
A fórmula para o custo é relativa e paraxodalmente simples, ou seja, o custo é proporcional à complexidade e tamanho do negócio, que acabará determinando a envergadura do programa de compliance a ser implementado. O segredo, portanto, paira sobre a “envergadura”, ou seja, o custo de um código de conduta, não se compara a um monitoramento de compliance contínuo, com a utilização de ferramentas customizadas e automatizadas de data analytics para vasculhar os sistemas de dados que gerenciam dispêndios de capital.
No que diz respeito aos ganhos, esse é o grande desafio para os compliance officers internos demonstrar às suas empresas. Na imensa maioria das vezes, esses ganhos são intangíveis. Com efeito, estamos falando de ótima reputação no mercado, imagem ilibada, clima organizacional diferenciado, atração e retenção de talentos, etc… Todavia, quanto maior a corporação, especialmente se for de capital aberto, mais fácil se torna idealizar uma equação, pois os ganhos começam a se materializar, seja pela atração de investimentos de acionistas que se sentem seguros e dispostos a investir em uma empresa sadia, com perspectivas promissoras e uma excelente imagem no mercado, aumentando suas chances de maior rentabilidade, ou ainda por vislumbrar concorrentes sob investigação, sendo penalizados a milhões ou mesmo bilhões de dólares, por uma falha devido a um programa de compliance ineficiente.
O interessante é que ao violar uma norma anticorrupção, por exemplo, uma vasta gama de empresas costuma querer atribuir a responsabilidade somente ao colaborador (agente da ação), isolando-o do restante da corporação. Todavia, infelizmente, é notório ter havido uma falha no programa de compliance. Sua efetividade não evitou a má-conduta de alguém em uma posição que deveria saber de todas as potenciais consequências em razão do seu ato.
O que não se discute mais, é a importância dos programas de compliance para o crescimento sustentado de qualquer Nação. Inclusive não apenas nas empresas, mas em governos. Aqui no Brasil, por exemplo, são chamados de programas de integridade. Práticas absurdas outrora praticadas como autoridades recebendo carros importados de presente, executivos recebendo agrados de outras empresas como viagens intercontinentais com a família, depósitos generosos em paraísos fiscais, etc… são situações não mais toleradas. Não é possível alguém achar isso normal, especialmente em um país onde as oportunidades de emprego são muito aquém das necessidades do povo e onde a fome e a miséria ainda rondam a maioria de sua população.
Platão, em toda a sua genialidade e dentre todas as suas citações, já dizia: – Tente mover o mundo – o primeiro passo será mover a si mesmo.
Mudar tudo de errado que está por aí, depende de cada um de nós. Uma pequena mudança individual de cada um, resulta em uma enorme mudança em escala global. Quem será o primeiro?!?!?!?…
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